Slim Nigga é um
dos rappers moçambicanos do momento, o seu hit mais recente, "País do
Pandza", faz críticas pesadas à sociedade e aos músicos do estilo
Pandza. Curiosamente, esta música lidera os tops das rádios. Slim, como é
conhecido, conversou com o SAPO e revelou algumas dos seus segredos.
"Há 10 anos que
faço rap. Comecei no bairro e gradualmente fui conquistando os palcos.
Hoje, tenho os meus conceitos de música e na altura de compor penso em
algo que mexe comigo. Retrato coisas que vivo, faço ou sinto", afirma
Slim.
"País do Pandza",
lançada há menos de um mês, é uma crítica à cultura de ostentação tão
recorrente na classe musical moçambicana de onde o artista faz parte.
A música
apresenta convicções pessoais do rapper, bem como, o estágio da classe
artística, do mercado musical e do estilo de vida dos moçambicanos em
geral, fazendo uma crítica àquilo que designa por "show off", facto
este, bem visível no seu videoclip.
"De um modo
geral, muitos artistas vivem de aparências, ostentam o que não têm,
vestem e calçam artigos emprestados só para aparecer. Estes artistas a
que me refiro na música são da era Pandza e cometem todos aqueles erros
que citei na música", explica o artista.
Slim Nigga foi
ainda mais longe nas suas críticas e falou dos artistas que comemoram
prémios que, segundo ele, "nem sequer tecto têm, ou pior, pagam aos
meios de comunicação para os seus videoclips passarem nos programas de
entretenimento".
"No início de
carreira, muitos músicos pagam para apresentarem os seus trabalhos. É
injusto, mas é o que acontece infelizmente no nosso país. Muitos
"miúdos" talentosos passam por isso, eu não paguei a ninguém, nunca
persegui a fama, os media é que me descobriram e me lançaram", lamentou.
O estudante do
terceiro ano de Direito está actualmente a trabalhar num novo trabalho e
confessa que mesmo criticando o Pandza, é com artistas deste género
musical que vai entrar no estúdio em breve.
"Vou entrar em
estúdio com Mr Cuca onde vamos produzir muitos hits para o público". 50
kilos é o nome da label dirigida por Slim Nigga na qualidade de único
cantor da mesma e admite que "existe um «niga» que eu gostaria que
fizesse parte da minha team, que é o Hernani da Silva, o miúdo é bom.
Mas, por outro lado não queria que "Scoob Doo fizesse parte da minha
label", revelou o rapper.
O rapper ganhou
projecção nacional depois de ter lançado, em 2010, a música "Meu
Diário", no mesmo ano que escreveria a música "País do Pandza", onde fez
graves revelações sobre o seu passado familiar. As mesmas serviram de
impulso para continuar a usar a música como instrumento de crítica
social.
Slim adianta
ainda que "já tive esta vertente ignorante de pensar que fazer Pandza
fosse vender a alma, mas agora não", avançando que cresceu desta fase
para cá e que está "capacitado [agora] para fazer um álbum inteiro de
Pandza e outros estilos musicais".